Das
Coisas Que Lembro Das Coisas Que Vivemos
(Porque
Hoje É Dia 13 De Maio e Você Faz Aniversário.)
A
primeira lembrança que tenho dele é uma foto que me mostrou, não uma daquela
digitais JPG envidas pelo PC, mas uma foto de papel esmaecida pelo tempo, onde
se via um garotinho com ar travesso ao lado de uma menininha sorridente. Lembro
que ele me disse, com o mesmo ar travesso da foto “minha primeira conquista”. Foi
ali, naqueles dias, em que um meninoadolescente me revelou suas mais trancadas
lembranças sobre saudade da chuva, saudade da infância, da primeira namorada,do
seu primeiro amor, que eu soube quanto sentimento ele tinha dentro de si . Foi ali, que eu soube que me
lembraria dele para sempre.
Lembro
que ele não era muito alto, que seus olhos estavam sempre na mesma direção dos
meus, posto que éramos quase da mesma altura. Lembro que eram olhos claros, e
que mesmo quando zangado pareciam sorrir irônicos e que tinham longos cílios,
longos demais para um menino, mas eu achava que isso dava a ele um charme
especial.
Lembro
que gostava de carros, motos, de cozinhar para os amigos, de cerveja, sol, da
cor vermelha, laranja e azul.
Que
era exigente, metódico, organizado
e responsável. Que nunca prometia o que não podia cumprir.
Lembro
que andava rápido, a passos largos e firmes.
Que
era teimoso, intempestivo e genioso. Que buscava a mulher perfeita e que era
confuso em relação ao amor.
Que
era capaz de adiar uma conversa dolorosa ou uma decisão para não magoar alguém,
mas que era capaz de magoar com meia dúzia de palavras. Sempre se culpando
depois por ter sido
insensível e duro, mas nunca voltando ao assunto.
Não
era romântico, não sabia expressar os sentimentos, mas era capaz de gestos
inesperados e surpreendentemente afetuosos. E mesmo não sendo romântico sei que
tinha guardado uma caixa onde de vez em quando tirava lembranças e
fotos de um amor do passado, que marejavam seus olhos de lágrimas...
Não
gostava de demonstrações amorosas. E não conversava sobre seus sentimentos. Não
gostava de chorar, não porque achasse que homem não podia chorar, mas porque
não gostava de sofrer e sempre passava ao largo de discussões, encerrando
qualquer tentativa de falar sobre emoções, para se poupar de aborrecimentos,
num gesto egoísta de autopreservação. Ate hoje não sei e não entendo.
Tenho uma foto dele guardada dentro de um livro que ele me deu. Na foto
ele esta de pé e ao fundo se vê o mar. Mas gosto especialmente de outra
onde estamos os dois juntos e sorrindo e nossas cabeças encostadas, os cabelos
se confundindo e agente apertando os
olhos contra o sol.
Lembro que gostava muito de mim, que a gente não namorava mas sempre voltava um
pro outro...
Ele achava que eu tinha uma voz engraçada e que me ligava só pra dizer
“ gosto de ouvir você falando” e depois ficávamos horas e horas ao telefone
arrancando os cabelos quando vinha a conta pra pagar. E ele sempre pagava.
Tudo que lembro dele, aprendi observando. E talvez eu tenha descoberto
muito dele.
Lembro que ele foi embora aos poucos. Julgo que demorei a perceber e que ele não me abandonou, apenas se
deixou levar pelo tempo..E o tempo é voraz e quando a gente vê o momento
passou.
O que eu sei sobre ele cabe neste texto. O que não cheguei a saber encheria uma vida. Há outras coisas que
sei, porque as encontro em mim. Em algumas coisas somos iguais...E
sei que ele sabe disso também.
3 comentários:
Ana,
Isso foi lindo. Confesso que chorei, porque conheço alguém como este menino. Porque você o descreveu. E transbordou sentimento. Transbordou gostar aqui dentro de mim.
Parabéns, sobretudo, por esse título lindo do seu blog.
Um beijo,
Aline.
Ana,achei seu blog ao acaso e me adicionei.Gostei muito.Hoje um dia chuvoso depois de tantos ensolara-
dos,voltei e lhe procurar e de pronto me identifiquei com sua pos-
tagem do dia.
Porque parece que algumas de nós temos uma história de idos amores
parecidas? Também chorei como a Aline mas,passou,é passado.Acho que é melhor não remexer muito pois vem muita coisa à tona e podemos correr o risco de tocar demais nossos sentimentos de que-
rer voltar no tempo.De qualquer maneira vale a recordação quando
ela é boa e doce.
Parabéns pelo seu blog e a sua intenção de dividir suas palavras
com quem delas gostar e copiar e, se assim o fazem é porque são boas
e se deve compartilhar.Em tempo lhe felicito pelo seu título que merece capa de livro(sem querer exagerar,ok!).Também tenho um blog
mas ando muito preguiçosa para atualizar.
Deixo um bj,e até a volta.
Belita.
Rio,07/6/12
Obrigada meninas...Muita gente entra e lê e fico feliz quando alguém comenta de coração. Tentei achá-las por blogs, não consegui. Agradeço aqui ! Abs ;)
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