18.8.11



A dor maior é deixar de amar quem sempre amou

Algumas vezes eu disse "tchau" sabendo que era "adeus"
Algumas vezes ouvi "se cuida" sem saber que era uma despedida...
Ler seus pensamentos traria angústia
Como angústia sinto ao não te ver
Frases são pistas
Gestos são indícios
Entendi não te sigo mais
Naquele dia tonta não pude te dizer
Voltar no tempo não há como
Tristeza embaçou a mente e eu sorria de tudo
As vezes faço isso
Bebo vinho tinto choro e falo demais
Clássica bêbada que disfarça a dor
Aquele era um dia triste
Não devia te encontrar
E agora o que ficou se você não lembra mais
Tive o tempo, desperdicei
E mesmo que eu te diga “vem”
O sol que ta aqui e ta ai, não nos une mais
Estive ao seu lado
Vi tanto, pelo canto dos meus olhos observei
O tempo volta, desejaria que sim
Refazer alguns momentos
Porque minutos podem ser eternidade
Um encontro feito de profundo silêncio
Mesmo que eu tanto tenha falado
Ficou em minha memória
Depois daquele dia tantos dias se passaram
Naquele dia no qual eu disse nada com nada
Fui chata, fui feia, fui insensata,
Sou dos momentos que vivemos
Das palavras que trocamos
Sou mais do que pareço ser
Tenho tanto e tão pouco
Fiz sonhos pra mim e pra ti
Sou quase desatinada
Você ta no meu coração
Sou segura na vida
Mas você me desaprumou
Um dia você me disse
Que a dor maior é deixar de amar quem sempre amou
Do nada o desencanto
O pranto por não mais gostar
Senti tantas vezes isso
Fica um vazio, um dia triste
A tarde que se põe as folhas do outono
O Sol que já não brilha...
Mas por mim ainda amaria você...


12.8.11



É, Seu Platão e agora, lá vou eu de novo..

Quando a gente gosta
Aquele gostar nascido do nada
Nutrido por um, sem o outro participar
Um gostar segredo, regido pelo Seu Platão
Em que todas as coisas que você faz tem valor
As bobagens que você fala eu dou risada
O mico que paga é original
Te acho tão inteligente discorrendo sobre nada
Em que todos os dias de sua ausência são perdidos
Um amor flor nascido regado ensolarado
Uma flor girassol de sementes e beijos
Beijos que te dou, te mando e não recebo
Um gostar pluma plantação de algodão delicado
Um gostar que plana sobre você
E que você não presta atenção
Gostar desprovido de olhos pro teu ouro
Gostar recheado de poesia
Desejoso de te ver acordar e velar de novo teu sono
Contar minhas confissões
Sem te seguir, sem te observar
Olhá-lo de longe
Pra você não encabular
Gostar musica folk de versos abstratos
Gostar quase canção de ninar
Cálido, morno, presente
Irrealizável em sua fantasia
Gostar criança sem sexo e com beijos
Gostar criança que cresce e lambe você como pirulito
No ar perfume de baunilha, sua pele
E ainda assim gostar
Olhando os desenhos da borra do café vejo teu nome
As letras da sopa escrevendo “Antonio”
A nuvem ovelha de pêlo cacheado lembrando você
Assim é o gostar , sentimento bobo
A arte de associar tudo com o amado
Repetida tantas vezes
Recorrente desejo distante
Problema que procuro e acho
Mas é tão legal ser assim
Tem o amor de verdade e o que a gente inventa
E fica beleza, nem da pra sofrer,
É só pra brincar, gozar e viver...
Construir o inesperado da um certo tesão
Construir pontes, ver cores, diversão
Beber vinho, rodopiar, não nego
Encaro e parto pra cima deitada no meu colchão
Nem que você não saiba, te namoro, deliciada
Toca sua vida, não se importa não.



Dia Sim, Dia Não.

Dor que pousa e permanece
Pra sempre pra sempre
Perigosa dormente semente de lagrima
Dor sentida intensa ferrada dura como rocha
Pra sempre palavra definitiva
Dor latente presente um estalactite gelado
Não derrete se mantém sólido
Dor tristeza fraqueza tem a proeza de me matar
Não morro mas escorro minha água todos os dias
Descongelo derreto desfaço liquefaço sentimento
Expectativa sem mais
Dor em horizonte parado
Embarco dou a volta
Retorno refeita da dor.
Tristeza é coisa que dá e passa.
Eu logo, logo, rio.
Rio, deságuo e vou fluindo.
Ritual natural visceral necessário
Dor nunca vai pra sempre, se ausenta
Sorrio e esqueço
E ela a espreita
Mas a flor nasceu vou regar...


1.8.11



Do Outro Lado Da Montanha Foi Onde Você Ficou

Quando vai deixar de fazer frio?
Quando vão cair as folhas das árvores?
Deixará de chover nos próximos dias?
É que tenho os pés gelados faz tempo e não há meio de aquecê-los.
Queria acreditar que já não me faz falta,
Queria que sua lembrança quieta fosse suficiente
Queria voltar a sentir-me
Porque desde que você se foi eu já não sou mais eu
Ficou um vazio, a ausência que nunca será preenchida
A Morte nunca vai ser normal
É um dia ter a pessoa ao lado e no dia seguinte
A pessoa estar inalcançável
E embora com dor a gente TEM que tocar a vida
E pode passar 50 anos a tristeza não passa
Ainda tenho vontade de rir, sabe?
Ás vezes até me esqueço e rio com prazer
Num momento de maior descontração
Mas a tristeza por vezes me embaça os olhos
As datas me deixam melancólicas
Os aniversários me pegam
Muita coisa mudou
Outras ficaram sem sentido
O choque deu lugar a tentativa de aceitação
Por não haver outra escolha
Não paro pra pensar
Evito lembrar
Coloco em cima da minha dor uma tampa de concreto
Mas esta tampa tem frestas
E choro ainda
Queria voltar no tempo,
Só desejo voltar no tempo
Pra revê-lo e poder te dizer tudo o que não pude
Mas agora isso já não é possível.
E nem acredito que um dia seja.