26.6.12






















Intrometido

O amor ás vezes chega
E a gente nem pediu
Ele se enfia no meio do dia
Refaz os planos
O amor ás vezes atrasa
Desencontra
Erra o caminho
Se doa pra quem não quer
O amor é engraçado
Sentimento avoado
Que num presta atenção se é bem vindo
O amor sempre cantado
Um troço as vezes errado
Pouco prático
Insistente
Erra de casa, esquece telefone
Desisti e depois acha que volta
O amor é independente
Num respeita o que a gente sente
E quer nos fazer sofrer
O amor troca as palavras
Distorce a verdade
Retorce a cabeça
E num sabe o que faz
Ele vive dentro da gente
Mas nem sempre ouve o que a gente diz...
Mas sem amor,
Mesmo que seja só  seu
Não da pra ser feliz...

8.6.12

























Pela  Amizade e Pelo Vinho 
 
Eu cacei seus olhos
Alcancei seu sorriso
Ri junto a você
E bebericando um café forte
Te  contei umas histórias
Guardadas em fundo de baú
Você leu  com um franzido na testa
Não de reprovação
Mas diria  de compreensão
 
(E se eu nem te conhecesse...)
 
Ainda assim confessei  poemas
Um coração descompassado
Uma vida maluca
Enrustida numa moça discreta
Te  enviei  todas as cartas
Transformadas em monólogos
Que eu feliz desenrolava
 
Quis saber indiscreta das suas histórias
As histórias com tempo marcado
Repletos de datas
Suas tempestades e verões
Sempre cheia de imagens e suposições
Muita coisa em você me encantava
E gostei de  você tomada de uma amizade estranha
Sincera irredutível
Misturada no sabor de tantas canções
 
Quisera ser a amiga poeta
Mas nada mais sou que  uma moça meio pateta
Que te envolve e revolve  palavras
E que de fato tem dificuldade em se desvencilhar
Daqueles que passam por mim
Portanto não te esquecerei
Ao contrário guardarei na memória
Um março passado dedicado  delicado
Naufragado em algum porto do passado
 
 Eu tomava vinho tinto pela dor que sentia
 E parei de beber pelas coisas que falava
Ressaca não me caia bem
E eu me viciava na dormência de minha alma
Se já não sofria olhando o fundo do copo
Sofria ao abrir olhos e não me ver
Os vícios assim como paixões
Nos  levam de nós mesmos
Sem que possamos perceber...
  
Nem por suas “não respostas”
Ficarei triste a ponto de me entorpecer
Antes eu sorrirei
Te darei todas as frases que brotam em mim
Receba-as, receba-as assim...
Um beijo desejo te vejo em mim...


5.6.12
















Das Coisas Que Lembro Das Coisas Que Vivemos
(Porque Hoje É Dia 13 De Maio e Você Faz Aniversário.)

A primeira lembrança que tenho dele é uma foto que me mostrou, não uma daquela digitais JPG envidas pelo PC, mas uma foto de papel esmaecida pelo tempo, onde se via um garotinho com ar travesso ao lado de uma menininha sorridente. Lembro que ele me disse, com o mesmo ar travesso da foto “minha primeira conquista”. Foi ali, naqueles dias, em que um meninoadolescente me revelou suas mais trancadas lembranças sobre saudade da chuva, saudade da infância, da primeira namorada,do seu primeiro amor, que eu soube quanto sentimento ele tinha dentro de si . Foi ali, que eu soube que me lembraria dele para sempre.
Lembro que ele não era muito alto, que seus olhos estavam sempre na mesma direção dos meus, posto que éramos quase da mesma altura. Lembro que eram olhos claros, e que mesmo quando zangado pareciam sorrir irônicos e que tinham longos cílios, longos demais para um menino, mas eu achava que isso dava a ele um charme especial.
Lembro que gostava de carros, motos, de cozinhar para os amigos, de cerveja, sol, da cor vermelha, laranja e azul.
Que era exigente, metódico,  organizado e responsável. Que nunca prometia o que não podia cumprir.
Lembro que andava rápido, a passos largos e firmes.
Que era teimoso, intempestivo e genioso. Que buscava a mulher perfeita e que era confuso em relação ao amor.  
Que era capaz de adiar uma conversa dolorosa ou uma decisão para não magoar alguém, mas que era capaz de magoar com meia dúzia de palavras. Sempre se culpando depois  por ter sido insensível e duro, mas nunca voltando ao assunto.
Não era romântico, não sabia expressar os sentimentos, mas era capaz de gestos inesperados e surpreendentemente afetuosos. E mesmo não sendo romântico sei que tinha guardado uma caixa onde de vez em quando tirava lembranças e fotos de um amor do passado, que marejavam  seus olhos de lágrimas...
Não gostava de demonstrações amorosas. E não conversava sobre seus sentimentos. Não gostava de chorar, não porque achasse que homem não podia chorar, mas porque não gostava de sofrer e sempre passava ao largo de discussões, encerrando qualquer tentativa de falar sobre emoções, para se poupar de aborrecimentos, num gesto egoísta de autopreservação. Ate hoje não sei e não entendo.
Tenho uma foto dele guardada dentro de um livro que ele me deu. Na foto ele esta de pé e  ao fundo se vê o mar. Mas gosto especialmente de outra onde estamos os dois juntos e sorrindo e nossas cabeças encostadas, os cabelos se confundindo e agente   apertando os olhos contra o sol. 
 
Lembro que gostava muito de mim, que a gente não namorava mas sempre voltava um pro outro...

Ele achava que eu tinha uma voz engraçada e que me ligava só pra dizer “ gosto de ouvir você falando” e depois ficávamos horas e horas ao telefone arrancando os cabelos quando vinha a conta pra pagar. E ele sempre pagava.


Tudo que lembro dele, aprendi observando. E talvez eu tenha descoberto muito dele.
Lembro que  ele foi embora aos poucos. Julgo que demorei a  perceber e que ele não me abandonou, apenas se deixou levar pelo tempo..E o tempo é voraz e quando a gente vê o momento passou.

O que eu sei sobre ele cabe neste texto. O que não cheguei a saber  encheria uma vida. Há outras coisas que sei, porque as encontro em mim. Em algumas coisas somos iguais...E sei que ele sabe disso também.