20.1.09


Memória Sobre Um Sorriso Teu
Sorrio na memória de conversas que trocamos em cafés que não existiram, em uma cidade que nunca esteve. Eu gostava daquelas horas em que apalavrávamos sobre planos e o riso ecoava , em que ocupávamos as horas numa abundância de carinho e atenção que julgávamos merecer.

Agora tudo é diferente, os momentos tão recentes já parecem esmaecidos pelo tempo dos silêncios vagos. Em alternativa reencontro-me contigo num sorriso que permanece em meu rosto sempre que te tenho "in memoria"....

( Em quais pessoas você pensa quando traz de volta suas reminiscências ao som da sua música mais tocante ? Existem pessoas que ficaram em sua memória ? )

6.1.09



Histórias de Amor, Ausência, Saudade, Encontros, Despedidas e Reencontros

Ela adorava revolver velhos livros, em velhos sebos, instalados em velhos casarões....Ia sempre em um que ficava numa rua do Centro antigo da Cidade. Por lá se perdia por horas, sentava-se nos grandes sofás, onde os freqüentadores dividiam espaço com 4 gatos siameses de olhos atentos. Ela procurava um livro de Ana Cristina Cesar. Pegou um de Clarice Lispector, uma de suas preferidas, junto com Florbela Espanca e Silvia Plath. Ela gostava das escritoras geniais e atormentadas.

Leu pequenos trechos do livro de Clarice: “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida”. Como não gostar desta mulher ?

Continuou a ler. De repente de dentro do livro, caiu um pequeno pedaço de papel amarelado pelo tempo..Não se conteve a passar os olhos:

Rio, 12 de dezembro de 1966

Minha Muito Querida Felicia
Escrevo-te com a intenção de que me perdoe. Fui um tolo...Te pedi coisas que sei esta além de tuas possibilidades, mas é que me dói, me faz ficar doente ficar sem ti, por vezes não como, não penso, obcecado estou...Tal qual um viciado. Antes mesmo que me digas “tenho que ir” já me dói o coração. É como se já sentisse tua ausência, os dias vazios de tua presença. Me dói o corpo de saudade, me falta o ar....Em algum momento sei que tens que partir com lágrimas nos olhos, assim como sei que um dia voltas com esse teu sorriso que amo tanto..E é este momento que me faz seguir adiante. A saudade me consome, mas teu retorno é meu ar puro, é o azul do céu, é o amarelo dos jardins de girassóis, é o verde das altas montanhas, é o riso do meu filho....Vivo destes momentos e bem sei que devo ter paciência porque um dia estes serão dias comuns em nossas vidas....Eu te amo, bem sabes, e por isso sigo...Beijos, beijos...

Daquele Que Não Deixa De Pensar Em Ti,
Theo

Ela recolocou o bilhete dentro do livro e ficou a pensar o que haveria de ter sido daquela que parecia uma linda história de amor....