Sobre Nando Reis e seu disco ( ao
som de Cássia Eller que neste momento canta
Segundo Sol no rádio , sem que eu peça ou espere)
Ouvindo bastante as novas
músicas de Nando Reis do novo disco
“Sei “. O que sempre me toca a sensibilidade são as cenas criadas por ele utilizando imagens simples
mescladas com melodias de uma fluidez
sincera, pessoal, melodias e letras que
somente ele poderia combinar , casar e trazer à tona, usando os acordes do violão surrado, arrrumado, amaciado e amado.
Os caminho melódicos sempre originais. A obra do autor meio que revelam sua
própria forma de viver e ver a vida.
Nessas novas canções se repetem
as frases que nos remetem a imagens comuns, corriqueiras, contidas em
todas as vidas ... Cenas com as quais nos identificamos e que ele consegue envolver numa atmosfera poética, feita de versos
longos, palavras inesperadas , frases-flores .Versos que se perdem num momento
pra depois retornarem ao foco central: sentir. Tal como nós mesmo que por vezes
nos perdemos e retornamos a velhos
sentidos e sentimentos...Descrições cotidianas que transformadas em metáforas
cheias de possibilidades nos comovem e
nos faz cantar e repetir e levá-las pra nossas vidas. Cenas que vivemos, gostaríamos de viver ou viveremos um dia.
“aeronaves pousando sem você”... “o
perfume conhecido e quase posso lhe ver”....
“mãos apoiadas na borda da piscina” ... Imagens que desenhadas em nossa
memória nos levam pra algum lugar dentro de nós ...Fazer do simples, poesia e identificação...Se por um lado uma canção não nos apaixona de cara, ao mesmo tempo com o tempo a gente vai compreendendo ela melhor e quando o amor se instala a gente já não foge mais de ouvi-la. Canções podem ser como as relações humans. Umas amamos a primeira vista, outras vamos desenvolvendo um afeto maduro.
A obra de Nando é repleta de uma
simplicidade e ao mesmo tempo personalidade e beleza e é sempre atemporal...Tanto que cantamos tem
anos e anos as mesmas canções clássicas sem nunca perder e emoção que se re-inventará toda vez que escutarmos ...
A poesia que Nando Reis
transporta pra suas músicas esta
repleta de pequenos detalhes. Alguns facilmente compreensíveis, outros sem
sentido a primeira vista e ai para nós restam
apenas as conjecturas...E isso é instigante.
O ato de apertar o doze do
elevador, usar um all star igual da pessoa amada, frases originais como
associar uma lembrança ruim com a derradeira constatação que”a falta é a morte
da esperança”. A desculpa pela ausência, pelos erros cometidos, a vontade de
ser diferente e talvez assim ser amado.O despudorado declarar do desejo de
estar com a “sua pessoa”. E o fato de ele compartilhar isso com a gente “sabe
(o que é isso) ?” – sim, sabemos Nando Reis.
As lembranças de infância muitas
vezes confusa noutras vezes nostálgicas e repletas de pormenores como em
Pré Sal a canção mais forte e tocante e melodicamente complexa do disco – na minha opinião. Em suas
canções estão presentes a incapacidade de não sofrer diante de um amor
que não evolui como gostaríamos e que todos nós temos em nossa biografia “Nem a
dor dessa saudade futura flor que não abriu...talvez um dia possa rolar nos
dois juntos no mesmo lugar...” Dito de
um jeito que carrega toda uma marca pessoal e ao mesmo tempo comum ao mundo.
“Voltei estou aqui e agora estendo minha mão”
Os discos de Nando Reis são ouvidos,
re-ouvidos e mantidos em nossa memória afetiva. A cada nova audição a gente re
descobre ou descobre novas nuances, possibilidades. Um misturado e inesperado
uso de palavras. Um “eles sabem porque amo seus lábios ” com “camelo lindo que
enfeita o maço” ou um “e os caninos afiados daquele garfo” A gente vai se afeiçoando, criando
identificação, decorando os trechos, porque tem o jeito como o Nando diz a
música trazendo em cada frase profunda verdade. Alguns escritores e outros
tantos músicos tem essa capacidade e a
gente nem sabe o porque desse poder de identificação, mas a gente curte e se
emociona...Não tem como evitar.