26.10.08



Vaidade ?

Mulheres com peitos siliconados gigantescos e figuras bizarras
Pessoas morrendo em mesas de operações pra lipoaspirar barrigas inexistentes
Meninas atormentadas por bulimias e anorexias
Experiências nas indústrias de cosméticos, onde matam animais injetando toxinas.
Atrizes com caras repuxadas, que quando sorriem deslocam o umbigo do lugar
Culto desenfreado à juventude
Jovens malhados que nunca leram um livro
Hiper valorização da beleza em detrimento do caráter
Pré-julgamentos movidos pela aparência

O que acontece com o ser humano ?
Seríamos superficiais e fúteis assim mesmo ?
Isso dá medo...

22.10.08



Luxúria ?

Se acerque e toque
Reflita em sua retina a chama
Rápido
Anda...
Mas não se afobe
Somente olhe
Respire
Ofegue
Ame
Não evite

Anda...
Enrole-se em abraços

Não tão rápido, não tão rápido
Agora sim, sinta
Tire o fôlego, fique sem fôlego, roube o fôlego
Anda...
Caia num abismo feito de sentidos
Deslize. Suave.Suave.
Sôfrego, mas sem pressa
Não dispa-se. Ainda...
Aproveite, sinta, decore, tateie

Esfregue-se
Confunda-se com pulsos céleres e tempo lento.
Leve o tempo que quiser
Perca-se na retina
Desfaça-se naquela pele
Num abismo de sentido

Renda-se
Domine
Perca-se
Curve-se à paixão
Fale no amor
Gire seu pensamento
Chegue aonde não sabe voltar
Perca-se
Entregue-se

Cai neste abismo, feche seus olhos
Perca-se

O abismo principia em nossa pele
Ele chama por nós...

Experimente...

17.10.08



Orgulho

Diz você primeiro...
Sentir que algo ficou por finalizar...não se perceber como terminou, nem como terminou, apenas que ficou assim...mal resolvido.

Não se dialogar, apenas deixar andar, deixar passar o tempo sem que se faça qualquer coisa que possa mudar o que temos. Deixar que os dias apague...

Não dizer o que queremos, nem o que sentimos e esperar que do outro lado se expressem emoções. E quando vemos que nada é dito, não tomamos a iniciativa, nos deixamos ficar quietos, sempre á espera que a outra parte dê o primeiro passo, o que nunca acontece porque pensa exatamente como nós.

E assim deixar morrer aquilo que nem sequer chegou a começar, talvez perder um amor seguro, talvez perder a pessoa que nos completava, talvez perder alguém precioso.

Mas sempre com o orgulho de que não fomos nós a nos rebaixar, que não nos mostramos vulneráveis a ninguém, que nunca poderemos ser gozados por demonstrarmos amor por alguém.

O orgulho sempre presente como que um troféu de algo que pensamos ganhar. Mas o que nós ganhamos ? Sim, o que ganhamos?

11.10.08



Ira

- Você sabe que eu amava você...Aliás...
- Você agora não sente nada por mim ?
- Quisera eu. Rezo todos os dias pra sentir "nada" por você, porque nesta hora ia saber que não te amo mais...
- Então, o que você sente por mim ?
- Raiva...
- (...) - Silêncio
-...e amor também...O que torna tudo mais passional ! Merda !
- (...) - Silêncio
- Não se preocupe em dar respostas. Você nunca me diz nada que me deixe calma. Tudo o que você diz só aumenta minha ira.
- E você não dá ouvidos à nada do que eu falo. Você sempre quer ter razão
- Tá bom, tá bom. Conversamos depois. Precisamos nos acalmar.


Saiu batendo a porta...

10.10.08



Inveja - (Texto de Thiago de Mello Costa do Blog Tempestades Neurais )
Era um dia quente, muito sol, nenhuma nuvem no céu. O casal vinha andando sem pressa, abraçados. Transpiravam muito, ela trazia na mão uma garrafinha, também suada, com água gelada. Mesmo de longe, parecia que o assunto era extremamente divertido. Aqueles dois ignoravam completamente a temperatura escaldante e a falta de ventos para refrescar.

Vieram andando e se sentaram sob a sombra daquela enorme árvore, com seus vários troncos brotando do chão - ou seria descendo pelos galhos ? Estavam tão entretidos na conversa que nem se deram conta de que estavam embaixo de um dos cartões-postais da cidade. Haviam encontrado um oásis no meio do deserto e nem perceberam, continuaram a conversa. Limparam um pouco as folhas secas caídas sob a árvore e se sentaram sem se apoiarem em nenhum dos troncos-galhos.
De frente um pro outro, sentados no chão, bem no meio da enorme sombra projetada pela massa de folhas verdes sobre suas cabeças, rostos próximos. Sorriam constantemente, mostrando o branco dos dentes e o brilho dos olhos a cada sílaba pronunciada na conversa. Vez ou outra roçavam os lábios em beijos roubados e fugidios. Certo momento ela tira uma barra de cereal da bolsa, oferece, ele não quer. Come sua barrinha, calada, mas sorrindo e prestando atenção em cada palavra dele, como se ele fosse um messias a proferir as verdades do mundo.
Ficam lá por horas, nem se dando conta das pessoas que passam, nas idas e vindas das bicicletas, nas folhas que caem, o sol descendo rapidamente no horizonte, as sombras crescendo no chão. Apenas conversando, sorrindo um com o outro.
Não muito longe, um senhor que dava comida aos pombos, sentado solitariamente num banco do parque, observava aquela cena desde o começo sem obviamente ser percebido. Com o semblante mortificado, levanta-se com um olhar carregado de mágoa, o coração cheio de rancor. Vira as costas com visível inveja e vai sozinho pra sua casa sombria, repleta de objetos mofados, móveis velhos e lembranças de uma vida povoada por falsos afetos e profunda solidão.

5.10.08


Gula ?

Veridiana olhava o prato à sua frente desolada. Duas folhas de alface, um tantinho de cenoura ralada, uma colherzinha de beterraba. Ninguém podia ser feliz com um almoço daqueles. Veridiana era bonita, de uma beleza de chamar atenção, rosto perfeito, pele corada, cabelos claros,enormes olhos verdes. Veridiana tinha 28 anos e pesava 138 kg....Comia compulsivamente e agora tentava parar....

Veridiana vivia sozinha, numa enorme casa herdada da sua avó. Uma casa imponente e decadente, precisando de reforma. Veridiana era sozinha no mundo...Trabalhava de 08 as 20 hs num pequeno "sebo" de livros e objetos antigos. Atendendo à tantas pessoas na livraria um dia conheceu Vermont um jovem belga, pretendente a escritor que estudava linguas mortas na Universidade Federal...Por ele se apaixonou, à ele dedicou compulsivamente seus dias - Veridiana tinha um traço de compulsividade em seu caráter: comia compulsivamente, chorava compulsivamente, lia compulsivamente, amava compulsivamente..Por Vermont, um jovem deus grego, resolveu virar uma moça esguia... Parou de comer....

Veridana olhava o prato desprovido de calorias à sua frente...Chorava e suas lágrimas temperavam aquela cenoura misturada áquela beterraba cor de sangue....Veridiana pensou em cortar os pulsos...Será que seu sangue seria da cor daquela beterraba ? Vermont havia deixado um bilhete dentro do livro que devolveu pela manhã na loja da amada..."Mon cher, je suis de retour à la Belgique, mais croyez-moi, je t`aime pour toujours. Son Vermont."

Veridiana lia e relia aquelas palavras, os olhos embaçados...Se me amava porque havia ido embora ? Veridiana não entendia. Ali, sentada naquele bistrozinho que frequentava há tantos anos trocou a salada temperada com lágrimas por 3 pedaços de torta de nozes, dois cheesburguers, 2 milk -shakes, 1 pedaço de empadão, 2 quibes, 2 pedaços de pizzas e meio litro de refigerante....

Comendo Veridina compensava seu vazio emocional. E depois voltava pra enorme casa pra chorar pela sua compulsividade e pela sua vida que nunca, nunca era como ela desejava....