28.8.07


A Chuva De Cada Um

Ela

Hoje não leio livros
Nem escrevo poesias
Hoje não colho os seu beijos
Muito menos semeio meus abraços
Enquanto cai a noite...
Hoje não sinto vontade
Hoje não te dou as mãos pra você subir à bordo
Hoje você não embarca
Por mim hoje pode ficar em terra.
Hoje não quero sorrisos empacotados.
Hoje não há zapping
E a televisão já não mora nesta sala.
A música é o silêncio.
Talvez também a quietude,
Mas nada mais.
Hoje vai ser assim.
Já decidi!


Ele

Perambulou pela casa, como se a impaciência fosse um fato novo....Buscou na grande janela o ar que lhe faltava aos pulmões...A ansiedade lhe fazia suspirar fundo vezes sem fim, numa opressão silenciosa...Seus olhos buscavam a paisagem perscrutando a escuridão lá fora, seus sentidos escutava o bramido do vento, enquanto sua mente repensava toda sua forma de existir...
E foi assim que as horas se passaram, madrugada adentro, entre um copo de scotch e sua música preferida..Até a vinda da manhã enevoada e da poesia incerta ...


Pros dois a chuva em comum

9 comentários:

Jana disse...

A chuva as vezes me lava a alma, as vezes me tras o pranto, tudo depende do momento

beijos

caracol menina ~° disse...

Brigada ^^
Vc quem escreveu? Lindíssimo.
Concordo com Jana.
parece que o céu chora e isso é dramatico. Chora pelos seus mtivos desconhecidos..

l♥ve disse...

Desencontros.
Beijus

Anônimo disse...

Nos dois o desejo de mudar, nos dois o desejo de encontrar um no outro, nos dois a permissão da ansiedade.
carinho querida nesse dia
beijos

Ju disse...

Anaaaaa...Aquele maldito...ahahah. Eu reencontrei, tá la no post do "Pra frente". Daquela doença amiga, me curei...ufaaa!!! Essa foi outro maldito...malditinho...hahahahah

Lindo seu texto...Cada um, com seu cada qual...afff!!!

Beijos queridaaa =*

Anônimo disse...

Ai, que bonito!
E concordo com quem falou que a chuva lava a alma e traz o pranto.
Beijo, querida.

Anne disse...

Lindo mesmo!!!
Tb faço mto isso de repensar a minha forma de existir, faça chuva ou faça sol...rsrsrsrs
Bjos, Ana

Anônimo disse...

Olá,
Se este poema é de sua autoria, meus parabéns. Caso contrário o bom gosto ao escolhe-lo é evidente.

Há alguns pontos interessantes que eu gostaria de salientar: Existe uma seriedade no ser que narra a primeira parte "Ela", porque demonstra conhecimento de si e a clara manifestação de uma vontade de reclusão. Essa necessidade de solidão me lembra uma das máximas nietzscheana: "Odeio quem me rouba a solidão sem me oferecer verdadeira companhia".

'A música é o silêncio.
Talvez também a quietude,
Mas nada mais.
Hoje vai ser assim.'

Me agradou bastante de como o silêncio é representado aqui pela capacidade que as palavras usadas tem de fazer o leitor entender o que "Ela" estava sentindo.

Ele por sua vez se sente só e não está nada satisfeito com esta condição imutável. A angústia faz parte dessa madrugada sem fim e num sentido Heideggeriano essa angústia é a própria procura arte de filosofar, ou seja, repensar as certezas e se sentir completamente desamparado e entregue ao desespero. A representação da fuga dessa situação é oriundo da Arte "música preferida" e pelo consumo de alcool. Muito bem representato.

"A Chuva De Cada Um, Pros dois a chuva em comum": Cada um com a sua forma de solidão (por decisão própria 'Ela' e por falta de opção por 'Ele')

Gostei de ter aparecido no meu blog, volte sempre. É bem vinda.
-- Diego.

Haya disse...

Que pare então essa minha tempestade!!!!
Beijos, flor!