5.12.06


Theo e Hanna - Uma Verdadeira Historia de Amor Com Um Final Infeliz
Theophilo era, como dizer, um sujeito no mínimo exótico...Tinha cabelos desgrenhados, olhos grandes, faces pálidas, bebia vodka pura, já fora viciado em absinto, ficava horas trancado em seu pequeno apartamento mal arrumado, fumando marijuana e escrevendo seus escritos incrivelmente talentosos...Abandonara a escola assim que aprendeu a ler e escrever...Tentava publicar seu livro desde os 17 anos...Agora aos 26 vivia sozinho e ganhava uns trocados trabalhando numa livraria velha, num prédio decadente do cais, sem as modernidades dos computadores, cafés e pães de queijo das grandes mega-stores.
O pó o inspirava, com o pó viajava pelas páginas de E.A.Poe, Kafka, Wilde, o pó o fazia escrever genialidades que em meio a sua insanidade e loucura achava medíocre e invariavelmente perdia-se em latas de lixo...A sarjeta o atraia, escrevia melhor quando zanzava pelas ruas, com um bloquinho de papel amarfanhado e sujo no bolso traseiro do jeans surrado....Observava as ruas com seus olhos embaçados por grandes bolas coloridas e flutuantes e ao fim da madrugada voltava pra sua cama solitária. Theophilo era um sujeito anti-tudo...
Um dia Hanna entrou na livraria empoeirada, somente ela naquele enorme buraco coalhado de livros...Ela ficou andando pelas estantes, observada de rabo de olho por Theophilo...Era magra, mais alta que ele, tinhas cabelos lisos e não enxergava bem sem óculos...Era estranhamente bonita, sem ser bonita...Hanna era estudante de Filosofia e freqüentava a Universidade Federal. Todos os dias passava pela porta da velha livraria e reparava no jeito de Theophilo, neste dia por curiosidade entrou e o abordou sobre uma obra inédita de Sófocles. Ele imediatamente corou, se atrapalhou todo, agarrou uns dois ou três livros e balbuciou “estes, estes, leve” e virando nos calcanhares, sumiu pelos corredores da livraria . Hanna surpresa e sem graça agradeceu e saiu. Todos os dias que vieram a seguir ela entrava , pedia algum livro e ele a atendia da mesma forma. Ate que um dia ela a convidou pra tomar um café com conhaque. Nesta tarde descobriram tudo em comum.
Hanna se mudou pra casa de Theophilo. Arrumou os armários dele, tentou por em ordem seus escritos, passava as madrugadas acordada esperando Theo chegar das vielas, trôpego, com os textos geniais de sempre amassados e riscados e refeitos e riscados. O impedia de jogar no cesto de lixo. Deu força, disse o quanto ele era bom. Theo encontrara um novo rumo e escrevia agora para mais outra pessoa, além dele mesmo. O seu mundo crescera, e com isso, crescera também, a sua imaginação literária. Escrevia agora a um ritmo alucinante, produzia, produzia e acreditava que era bom. Mas sua inspiração cada vez mais vinha do álcool, drogas, remédios....Hanna não conseguia mantê-lo longe delas....Mas Hanna tinha tino, sabia divulgar seus trabalhos, era a mente sóbria, equilibrada.
Theo começou a fazer sucesso, os seus manuscritos começaram a circular no meio intelectual de todas as cidades mais importantes da região. Quando começava a ser aclamado por alguns dos mais expressivos escritores e artistas, Theo morreu. Os excessos, a escrita ensandecida, a imaginação fértil, as historias fantásticas.... As misturas explosivas de drogas, anti-depressivos e álcool haviam surtido – finalmente – o efeito desejado: Theo havia expressado toda a sua grande e espetacular criatividade, alcançara o quase sucesso definitivo, mas se perdera....
Hanna iria se suicidar dias depois. Jogou-se do terraço da velha livraria. A queda foi fatal. O amor de Theo também....

13 comentários:

Jana disse...

Linda!!! Vc sabe faze-la com maestria né...

Feliz de mais por te ler de novo!!!

Saudades mil!!!

Beijos

Rainha de Copas disse...

tava com saudade daqui.

Carol Freitas, disse...

Quanta coisa linda por aqui!
Depois vou voltar e ler com calma
Beijo, dona moça que escreve bonito.

Anônimo disse...

Olá. Estou passando pra dizer que fico feliz com sua visita. Sei como é bom qdo certas palavras combinam ou traduzem o que sentimos.. estou correndo, não pude ler tudo, mas voltarei.
abraços

Anônimo disse...

demora pra postar, mas quando posta.......kkkkkkkkkkkkkkkkkk

lerei tudinho, com calma

feliz em te ler e em te " ver" pelo pasto.....

* ontem estive com Marcinha e falamos de vc...sua orelha ardeu???kkkkkkkkkkkkkkk

beijos, queridona

Anônimo disse...

Aninha,
bateu saudade, aquela saudade boa de riso na cara e olhar vago de lembranças feitas por momentos bons de conversa insana e alegria verdadeira.
Bateu saudade de quase há um ano estarmos juntas trocando presentes e falando dos nossos sonhos.
Bateu saudade de não poder te contar os que realizei, tão bons que você iria rir e dizer: é isso Marcinha, vc conseguiu.
Pois é Aninha...seu céu está azul e o meu também, apesar dessa maravilha de texto triste.
lindo dia minha flor
meu carinho sempre
beijosssss
*ontem falamos de você com saudade,rs

Soph disse...

Vim "matar" saudades das tuas palavras... das tuas imagens!

Beijinho gigante... até aí!

Mr. San disse...

Nutro uma profunda simpatia por alguns de seus "personagens" (assim, entre aspas, porque nunca se sabe... rs). São "estranhos no ninho" nos blogs que costumo ler. :o) Abraço grande, Ana.

Anônimo disse...

História trágica e deliciosa. ADOREI a narrativa! Saudade de tu muié! Achei que tinha desistido de blogar... :(
Bom te saber de volta, vou te relinkar ;)

BEIJOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ela disse...

Linda...vc é sempre perfeita!!!!
Um grande abraço cheinho de saudade da sua mana...q te ama demais!!!!

Rainha de Copas disse...

se pensa que eu sou aquela do quarto... heis-me aqui!

By Ana D disse...

Fico feliz em tê-los como amigos e saber que, em qq tempo,uma hora ou outra eu virei aqui e que vcs, amáveis e atenciosos, tambem aqui virão derramando palavras que por vezes me emocionam por demais, viu Clarinha ? :) Seu comentario é quase um post rsrs...E a todos, sempre os leio com maxima atenção...Adoro cada palavra daqui rsrs...Abraços à todos...Ana D

Jôka P. disse...

Que doideira !!!
Bacana seu conto !