11.12.06

Do Amor Perdido...

A sua existência se repetia todos os dias, daquela mesma forma desprovida de algum sentido maior, desde que se instalara A Ausência.

Todos os dias repetia – acordar, lembrar,chorar, caminhar, trabalhar, comer, voltar, pensar, dormir...
E dentro Dele a certeza mais absoluta de que o futuro seria escuro, infindavelmente denso, desprovido de alegria...Se instalara naquela mente a mais cruel certeza de que não haveria esperança para Eles....

Mas porque ainda assim, contraditoriamente, Ele sofria pela escolha que Ele havia feito ? Porque ainda assim Ele sentia dentro Dele que A Ausência seria dolorosa ? Tão incompreensível parecia ser, mas sua escolha o levava a um estado total de abandono e desamor...

Por que tinha a sensação que o sofrimento que causava a Ela explodia também dentro Dele, sob a forma de lágrimas, que o exauriam e secavam por dentro ?

Por que sentia que Ela afundava em dias cinzas, que por vezes Ela tentava seguir adiante , no entanto como Ele, não conseguia, alternando sua vida entre a mais falsa euforia e a mais profunda melancolia ?

Então, se A Escolha havia sido feita, porque permeavam os dias com cartas apaixonadas que nunca eram enviadas, noites de canções tristes, lembranças e vestígios ?

Assim, pela escolha que Ele fizera, Aqueles Dois se separam, e então passaram por tantos invernos, que um dia Ela notou que tinham se passado 30 anos....

E Ele do outro lado do planeta percebeu, pelo reflexo no espelho, que sua juventude também já tinha dado lugar à algumas pequenas rugas no canto dos olhos...

Então esperaram que, finalmente, passado tanto tempo o Amor que Ele havia desperdiçado finalmente tivesse encontrado outros corações para habitar...

5.12.06


Theo e Hanna - Uma Verdadeira Historia de Amor Com Um Final Infeliz
Theophilo era, como dizer, um sujeito no mínimo exótico...Tinha cabelos desgrenhados, olhos grandes, faces pálidas, bebia vodka pura, já fora viciado em absinto, ficava horas trancado em seu pequeno apartamento mal arrumado, fumando marijuana e escrevendo seus escritos incrivelmente talentosos...Abandonara a escola assim que aprendeu a ler e escrever...Tentava publicar seu livro desde os 17 anos...Agora aos 26 vivia sozinho e ganhava uns trocados trabalhando numa livraria velha, num prédio decadente do cais, sem as modernidades dos computadores, cafés e pães de queijo das grandes mega-stores.
O pó o inspirava, com o pó viajava pelas páginas de E.A.Poe, Kafka, Wilde, o pó o fazia escrever genialidades que em meio a sua insanidade e loucura achava medíocre e invariavelmente perdia-se em latas de lixo...A sarjeta o atraia, escrevia melhor quando zanzava pelas ruas, com um bloquinho de papel amarfanhado e sujo no bolso traseiro do jeans surrado....Observava as ruas com seus olhos embaçados por grandes bolas coloridas e flutuantes e ao fim da madrugada voltava pra sua cama solitária. Theophilo era um sujeito anti-tudo...
Um dia Hanna entrou na livraria empoeirada, somente ela naquele enorme buraco coalhado de livros...Ela ficou andando pelas estantes, observada de rabo de olho por Theophilo...Era magra, mais alta que ele, tinhas cabelos lisos e não enxergava bem sem óculos...Era estranhamente bonita, sem ser bonita...Hanna era estudante de Filosofia e freqüentava a Universidade Federal. Todos os dias passava pela porta da velha livraria e reparava no jeito de Theophilo, neste dia por curiosidade entrou e o abordou sobre uma obra inédita de Sófocles. Ele imediatamente corou, se atrapalhou todo, agarrou uns dois ou três livros e balbuciou “estes, estes, leve” e virando nos calcanhares, sumiu pelos corredores da livraria . Hanna surpresa e sem graça agradeceu e saiu. Todos os dias que vieram a seguir ela entrava , pedia algum livro e ele a atendia da mesma forma. Ate que um dia ela a convidou pra tomar um café com conhaque. Nesta tarde descobriram tudo em comum.
Hanna se mudou pra casa de Theophilo. Arrumou os armários dele, tentou por em ordem seus escritos, passava as madrugadas acordada esperando Theo chegar das vielas, trôpego, com os textos geniais de sempre amassados e riscados e refeitos e riscados. O impedia de jogar no cesto de lixo. Deu força, disse o quanto ele era bom. Theo encontrara um novo rumo e escrevia agora para mais outra pessoa, além dele mesmo. O seu mundo crescera, e com isso, crescera também, a sua imaginação literária. Escrevia agora a um ritmo alucinante, produzia, produzia e acreditava que era bom. Mas sua inspiração cada vez mais vinha do álcool, drogas, remédios....Hanna não conseguia mantê-lo longe delas....Mas Hanna tinha tino, sabia divulgar seus trabalhos, era a mente sóbria, equilibrada.
Theo começou a fazer sucesso, os seus manuscritos começaram a circular no meio intelectual de todas as cidades mais importantes da região. Quando começava a ser aclamado por alguns dos mais expressivos escritores e artistas, Theo morreu. Os excessos, a escrita ensandecida, a imaginação fértil, as historias fantásticas.... As misturas explosivas de drogas, anti-depressivos e álcool haviam surtido – finalmente – o efeito desejado: Theo havia expressado toda a sua grande e espetacular criatividade, alcançara o quase sucesso definitivo, mas se perdera....
Hanna iria se suicidar dias depois. Jogou-se do terraço da velha livraria. A queda foi fatal. O amor de Theo também....

4.12.06

Terminou....
O ano de 2006 foi o melhor ano da minha vida, foram dias de extrema felicidade, foram dias que jamais existirão iguais...Inesquecível com certeza...Vocês saberão dizer o que fizeram, onde estavam, por quem se apaixonaram daqui a 20, 30 anos ??? Pois eu saberei dizer quem amei, o que fiz, o que vivi em 2006....Por isso 2006 foi O ANO da minha vida...Muitos virão, por certo, tenho o otimismo da vida longa, mas os que vierem, o que me trouxer o futuro, nada apagará 2006....Um ano intenso....Onde fui muito feliz.....
Acabou....Mas valeu ....Dizem que tudo que é muito bom tem a duração que deveria ter....
Canções que marcaram este meu ano especial e que sempre que ouvir me levará aos dias vividos:


Ela dormiu no calor dos meus braços e eu acordei sem saber se era um sonho. Algum tempo atrás pensei em te dizer , que eu nunca cai nas suas armadilhas de amor. Naquele amor a sua maneira, perdendo o meu tempo a noite inteira..Não mandarei cinzas de rosas, nem penso em contar os nossos segredos (A Sua Maneira – C.Inicial)
Eu tento me erguer às próprias custas e caio sempre nos teus braços...Um pobre diabo é o que sou, um girassol sem sol, um navio sem direção, apenas a lembrança do seu sermão. Voce é meu sol, um metro e sessenta e cinco de sol. E quase o ano inteiro os dias foram noites, noites para mim. Meu sorriso se foi, minha canção também. Eu jurei por Deus não morrer por amor e continuar a viver. Como eu sou girassol, você é meu sol. Morro de amor e vivo por ai, nenhum santo tem pena de mim. Sou agora um frágil cristal, um pobre diabo que não sabe esquecer, que não sabe esquecer.... Como eu sou um girassol, você é meu sol. (O Girassol – Ira)