30.10.11



Aos Que Exageram

Adoro ser usada pela poesia
Gosto da forma egoísta dos artistas
Vejo beleza em quem sofre por amor
Assisto encantada aos que são intensos
São como flores que brotam
Exageradamente coloridas
E em breve morrem
Mas por um tempo vivem em nós
Enfeitam nossa existência
Gosto dos que não se importam com nada
Apenas sentem
Viver num é ser correto
Viver é ser único
Se perder sem água num deserto
Prefiro a lava do vulcão
Em vez de manteiga no pão
Torço pelos bêbados
E os mocinhos me dão sono
A tristeza e o riso se completam
O negócio é ser tudo ao mesmo tempo agora
E aqueles que de um “oi” já sonham com “sou louco por você”
O que dizer deles...
Pra que ser coerente, decente, descrente da paixão
Se a gente ta aqui pra sentir
Se inventar um amor é permitido por Platão
Inventemos o amor porque assim serei feliz
Dorme e faça dos seus sonhos poesia
Não há o que fazer sem provocação
A falta da dor faz sumir a ternura
O tédio enferruja o coração
Gosto dos que dormem debruçados sobre a mesa
E daqueles que enxergam o rosto do amado no fundo do copo
É um cubo mágico entender o que se sente
Nunca as cores vão casar
Labirinto, quebra-cabeça, desenho abstrato
Eu e você, ela e o outro, ele e ele, ela e ela
Desses desencontros brotam o cactos e o girassol
Pela frente 90 anos e as linha são paralelas
Encontra comigo, me usa e abusa, poesia

28.10.11



Eduardo

Meu lindo amigo e todos os dias que sinto tanto sua falta ?
Todas as lembranças
As risadas as cores
As flores
A terra entre os dedos
O cheiro da chuva
Querido amigo sinto tanto sua falta
E todos os dias que não estará aqui me dói como
Espinho de flor que arranha e arde, arde, arde, incomoda sem matar
Querido e velho amigo sua voz ainda ecoa
E quando ouço a musica que você gostava
Lembro de você cantarolando
Caro e doce e necessário amigo imaginava sempre
Sua presença pelos cantos da minha casa
E hoje só um vazio
A Ausência, a dor mais pesada que preenche nosso coração
Quando passo pela estação do metrô
Quando entro na biblioteca
Quando passeio pelo Aterro do Flamengo
Sinto sua falta andando ao meu lado
Escuto você dizendo:
“Ande sempre pelo lado de dentro da calçada
Assim eu te protejo”
E isso aos 14 anos era o máximo
Querido amigo eu achei que nenhum de nos dois morreria
Aquelas fantasias criadas na infância
Tantas vezes deitados na grama e olhando as estrelas
Cantando canções desafinadas
Inventadas por nós
Enquanto olhávamos o céu.
Muitos miojos, pão com mostarda e “ketichupe”
Barracas que voavam no acampamento em Araruama
Querido amigo nada dessas coisas tem mais graça
E de vez em quando me bate uma tristeza tão grande que
Sem que eu perceba meu rosto sente o calor morno das lágrimas
E o sal me chega aos lábios
Querido e pra sempre amigo o que mais me dói é saber que nunca mais ouvirei sua voz
E não ouvirei o seu riso e seu violão tocando
Violão que agora inanimado me olha nestas horas de imensa tristeza
Querido amigo eu te amo.
Nunca terei alguém como você.
Nada mais a dizer.
E tudo que eu tinha a dizer não direi mais.
Dói.

13.10.11



Às vezes somos pouco pra tanto amor

É duro ser um só pra tanto amor
O tempo não basta
A vida que escorre
Dedicamos todo sentimento pra poucos
Quando desejamos muitos
Desejo tão mais urgente que amor
Desejo tão mais incrivelmente dominante
"Se eu estive aqui todos os dias te olhando
E você sequer notou"
Ele disse um dia
Mas o que fazer
Nunca somos tantos pra todos
Dividir dias
Dividir coração
Dividir pensamentos
E tantas lembranças
Não fiz porque quis
Não te deixei de lado por não te querer
"É que é duro ser um só pra tanto amor"
Ele disse um dia
Numa pagina do livro, você, delicadamente amado
No rascunho do caderno, ele, intensamente apaixonado
No meio de tudo o tempo que falta
Os dias que não me chegam
Guardo pra você as palavras que gostaria de dizer
E que talvez nunca, nunca, nuca diga
Amigos, amantes, amores, paixões
E o tempo que não me da tempo de tê-los todos...
Uma vida é pouco para tanto querer
A gente se perde com tarefas, trabalho,
Cotidiano, compromissos
Se não posso te abraçar hoje
Não poderei te beijar amanhã
Ficam tantas coisas pelo caminho
Perdi camas, perdi risos e suspiros
Abri mão de você...
Queria viver tudo, não por luxúria
Mas pelo simples prazer de sentir
Tudo que me fosse permitido.
Uma vida é pouco pra tudo que sinto.

12.10.11



Pros Dois

Desde que te percebi apaixonado
Te olho com um jeito diferente
Sei do que ta falando
Pressinto que já não passa manteiga no pão
Não corta o cabelo do jeito que cortava
Desacerta as idéias
Fica entre o sim e o não
Ta meio abilolado
Mais criança
Mais animado
Não dorme direito
Tem no fundo dos olhos o rosto dele
Faz versos doces
Passa a madrugada virado
Quer o perfume de novo
A textura da pele
A beleza encantada
O corpo que sentiu
Planta hibiscos
Enfeita a mesa com flores
Quer ser tocado
Não tem sossego
Vive excitado
A vida tem mais cor
O mundo ta mais largo
Os problemas deixados de lado
O avião demora a pousar
O tempo parece parado
Idealiza encontros
O peito aperta
O gosto do beijo é exato
Na memória cada gesto
Nas palavras sinais de paixão
O desejo desperta do nada
Fixação, desejo incrustado
Não guarda segredo
A vida é pequena
A surpresa que veio
Porque ele também quer
O momento passou
Mas o corpo percebe o resgate
Ele vai voltar
Deitados e suspiros
Beijos molhados
Por testemunha o sofá
Mãos por todos os lados
Em comum
O gozo
Pros dois....

10.10.11


O Seu Nome E O Nome Dele.

Se eu não te beijo
Não te vejo
E se não te vejo
É meia noite e
Enxergo o céu azul
È mais do que quero
É mais do que posso
Sou um sol vermelho sem chamas
Se você não esta por perto
Sou planeta sou anel sou cordão
Como você é meu amuleto
É meu sim e meu não
Não bate em minha porta
Não diz que ama
Olha de lado e diz segredos
Ri bastante e depois sai
Bebe na concha
Nada em mim
Flutua na minha casa
Toma conta do meu jardim
E o mundo se abre pra você
Te dou uma vida
Você quer ?
Metade de mim
O todo não posso dar
Te quero e sou um ser que quer
Querer é mais forte que dizer não
Olho as cores, colho as flores
Sinto as dores
E por que medo ?
Esse caminho nesse mundão
Eu e você se tivesse que ser
Se eu tiver que amar você
Se eu tiver que cuidar de você
Por que dizer não
Me diz o que você quer
To cansado de 2 + 2 que são 5
Me dê clareza
Me dê certeza
Certeza de que ?
Beba da minha água
Coma da minha comida
Deite na minha cama
Chore no meu ombro
E ria nos meus beijos
Se deleite em meus desejos
Pense em mim
Troco sonhos por você...

7.10.11



To Num “Blues” de Despedida

Escrevi uma faixa pra você e não coloquei no seu muro.
Minha retina não gostou do que viu.
Errei na mão. Exagerei no amor. Deixa pra lá
Você foi mesmo assim
Arrumou a mala e partiu
Mas o que contei ninguém precisava saber
Pra que te dizer se você não vai ler
E se ler não vai responder
To cansado de caverna sem eco
Beijo sem estalo, mão boba sem reflexo
Contratei um teco-teco e o céu tava azul
Mas todos os olhos não verão
As bobagens que te escrevi nessa primavera quente
As flores que te dei, as cartas que mandei
O vinho que não bebeu
Os monólogos que travei
Na verdade eu to e você, estará ?
Vou deixar o tempo escorrer
A fruta na fruteira apodrecer
A rosa ressecar
O cacto esturricar
Sua neve virar lama
Sua grama queimar
Seu cachorro eu roubei
Não vou devolver
Não volte mais
Não mude de idéia
Não venha com ainda te amo
È o fim, vou te esquecer...

4.10.11


As Comidas e “A Comida”

Inhames
Infames
Tubérculos
Supérfluos
Nascidos selvagens no pé do muro
Iguais a verdes corações
Saborosos espalhados
E decorados
Planta ornamental comestível
Te tomo como sopinha de bebê!
Figo saboroso
Sestroso
Indecoroso
Deitado sobre a mesa
Te como a polpa libidinosa !
Alface leve
Delicada, salada
Misturada ao rubro tomate
Te mastigo pastosa
Engolindo sua verde seiva !
Banana em forma de falo
Te chupo o sabor doce
Me alimenta sua sustança
Misturada e vitaminada !
Caqui vermelho
Escorregadio, líquido,
Lânguido cáqui
Com seus caroços
Envoltos em fluídos
Te engulo sem mastigar !
Manga molhada
Escorre entre meus dedos
Seus líquidos lambuzados
Que sorvo gostoso !
Comidas, comidas...